Quando eu comecei a trabalhar com Ortodontia, há mais de vinte anos, eu queria ser conhecido como um ortodontista rápido e eficiente. Em outras palavras, eu buscava finalizar os meus tratamentos ortodônticos no menor tempo possível.
Muito planejamento e a busca por todas as técnicas que agilizassem as minhas intervenções propiciaram os meus êxitos. Ficava feliz em terminar os meus casos bem antes do combinado.
Na minha visão, eu estava 100% no caminho certo, correto? Nem tanto!
Comecei a perceber que alguns pacientes que finalizavam os seus tratamentos em um curto espaço de tempo retornavam com alguma recidiva. Desapontados, eu e o paciente ficávamos frustrados com o ocorrido. Notei que por mais cuidado que eu tivesse com a qualidade da finalização e com o protocolo de contenção, ainda assim, não eram atitudes suficientes para que os dentes se mantivessem perfeitamente nos seus lugares.
Por outro lado, aqueles casos que se estendiam um pouco mais, se mostravam mais estáveis. Por quê? Provavelmente, devido a um maior tempo de maturação e remodelação do envelope periodontal (osso e ligamento). A diminuição da atividade biológica tecidual dada pelo maior tempo de acomodação dentária tornava a “força” da recidiva menor e diminuía a dependência absoluta da cooperação do paciente no uso da contenção.
Resultado, aqueles pacientes que tiveram as suas terapias um pouco mais longas ficaram mais satisfeitos com a manutenção dos resultados. Só para lembrar, “um pouco mais longo” não significa “muito mais longo”. Significa dentro do prazo estipulado (consultas pró-ativas, lembra?).