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Cirurgia antecipada e benefício antecipado (Parte 2)


A palavra-chave na Ortodontia para a cirurgia ortognática é “descompensação”.

Explicando melhor, fazer o preparo ortodôntico para a cirurgia nada mais é do que

descompensar as "compensações dentárias" provocadas pela má oclusão esquelética. É

reposicionar os dentes de tal forma que após a cirurgia, que irá repor as bases ósseas na posição correta, eles estejam na posição ideal.


É por isso que no protocolo orto-cirúrgico a Ortodontia começa antes da Cirurgia. A sequência tradicional é primeiro orto, depois cirurgia e por fim orto para fechar com a finalização.


Esta sequência tem lógica porque a parte mais complexa, a cirúrgica, já encontra os dentes bem-posicionados e os deixam juntos com os ossos na posição ideal no pós-operatório. Ficam faltando pequenos detalhes para a finalização ortodôntica.


Com o conceito da cirurgia antecipada muda-se o protocolo tradicional. Praticamente o início se dá pela cirurgia e a Ortodontia faz todo o seu tratamento descompensatório pós-cirúrgico. O que diga-se de passagem não é tarefa fácil. Pelo contrário, é um procedimento complexo e delicado.


E qual é o benefício da cirurgia antecipada?


A vantagem é que os benefícios estéticos e funcionais são entregues (parcialmente) bem no início do tratamento, logo após o ato cirúrgico.


E quais as dificuldades?


Muitas!


As dificuldades começam já no planejamento, que precisa ser muito bem elaborado. A

visualização do resultado é fundamental. O risco dos benefícios antecipados se dissiparem é sempre eminente. Se os detalhes não forem bem analisados o benefício antecipado pode tornar-se em benefício perdido. Sim, porque no reposicionamento dentário pós cirurgia pode-se perder as melhorias da estética facial: o que seria um desastre.


Somada à dificuldade do planejamento, ainda temos a complexidade do tratamento. Todo bom ortodontista sabe que não é fácil corrigir más oclusões severas em pacientes adultos e é exatamente isto que ocorre após a etapa cirúrgica. As descompensações dentárias terão que ser feitas pós cirurgia e não é simples corrigir Cl II e Cl III em pacientes sem crescimento.


Para auxiliar na mecânica é usada a ancoragem esquelética, miniplacas ou mini implantes que são posicionados no ato cirúrgico. Embora sejam um excelente auxílio para a execução do tratamento, precisa-se do conhecimento adequado para tirar proveito das suas vantagens. Experiência, perícia e competência são alguns dos atributos requeridos para a correta manipulação.


Outro adjutório que se tira proveito da cirurgia antecipada é o movimento dentário acelerado, provocado pelo processo inflamatório induzido (pós-cirúrgico). Mas este só tem duração de três meses, o que é pouco para a conclusão do caso. Passado o tempo da rápida movimentação volta tudo ao normal. Ou seja, as agruras de um tratamento complexo precisam ser superadas.


Dentro deste conjunto de dificuldades, talvez o maior obstáculo seja a impaciência do

paciente. Lembre-se que a maioria dos pacientes se comportam como crianças. Em outras palavras, quando uma criança recebe a recompensa antes da tarefa o seu interesse por fazer esta última não é dos maiores. Quer dizer, depois que o paciente recebe o seu benefício, a melhora da estética, ele já não tem a mesma paciência que teria em um protocolo cirúrgico tradicional. Sendo objetivo, o profissional já não tem o benefício da paciência.


Como já foi dito, a cirurgia ortognática antecipada também traz uma série de vantagens ao ponto de ser chamada de “benefício antecipado”, mas não custa avisar que este tipo de terapia não é para amadores.


A grande questão é: para quem, quando e como ocorre o benefício? Saber responder

corretamente a esta pergunta é o melhor caminho para que não se perca o lado positivo da mais cara das relações, a famosa relação custo-benefício.


Viva a Ortodontia!

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